quinta-feira, 24 de junho de 2010

Capítulo 1 - Parte IV


Guerras importantes aconteceram para garantir a disponibilidade de cânhamo

Por exemplo, a razão original para a guerra de 1812 (EUA contra Inglaterra) era pelo acesso ao cânhamo russo. Este era a principal razão pela qual Napoleão (aliado dos EUA em 1812) e os aliados ao Bloqueio Continental invadiram a Rússia em 1812. (Capítulo 12, “A guerra (do cânhamo) de 1812 e Napoleão invade a Rússia.”)


Em 1942, depois que invasão nipônica nas Filipinas cessou o fornecimento de abacá*, o governo norte-americano distribuiu mais de 180 quilos de sementes de cannabis para os fazendeiros americanos de Wisconsin até Kentucky, que acabaram por produzir 42 mil toneladas de fibra de cânhamo anualmente até 1946, quando a guerra acabou.


O abacá*, também conhecido como cânhamo-de-manila, cânhamo-de-manilha, alvacá, bananeira-de-corda, bananeira-de-flor e bandala é um tipo de bananeira que proporciona também uma das mais importantes matérias-primas para a cordoaria. Os seus frutos não são comestíveis. Com as fibras dela extraídas, são feitos os cabos usados em todo o mundo para amarrar os navios nos portos. É usado de preferência a qualquer outra fibra porque, além de sua enorme resistência à tensão, é dificilmente deteriorável sob a ação da água, doce ou salgada. As fibras dessa musácea tropical têm de dois a quatro metros de comprimento e procedem dos pecíolos de suas folhas. A plantação tem o aspecto de um bananal e as plantas são cortadas pela base antes que cheguem a frutificar. O abacá é empregado também na manufatura de cordéis, sacos, linhas e redes de pescar, tapetes, papel de embrulho e pasta de papel. As ilhas Filipinas têm sido, desde tempos imemoriais, o principal centro produtor. Durante a II Guerra Mundial, as plantações dos EUA na América Central, iniciadas na década de 1920, supriram o mercado aliado. Alguns países da região são hoje grandes produtores.


*Fonte: Wikipédia.


Por que o cânhamo tem sido tão importante na história?

Porque o cânhamo é a mais forte, resistente e durável fibra natural do planeta. Suas folhas e flores foram – dependendo da cultura – o primeiro, segundo ou terceiro medicamento mais utilizado por dois terços da população mundial por pelo menos 3 mil anos, até a virada do século.

Botanicamente, o cânhamo pertence a mais avançada família das plantas no mundo. Ela é dióica (possui o órgão sexual masculino ou feminino e às vezes é hermafrodita – os dois órgãos na mesma planta), é abundante, herbácea e usa o sol com mais eficiência que praticamente qualquer outra planta no planeta, chegando a ficar com de 3 até 6 metros de altura em baixa temporada. Pode ser plantada em praticamente qualquer clima e condição de solo existentes no mundo, inclusive nos de pior qualidade.

O cânhamo é, de longe, a principal fonte natural renovável da Terra. É por isso que o cânhamo é tão importante.


Sim, isso é cannabis.


Footnotes:

1. Clark, V.S., History of Manufacture in the United States, McGraw Hill, NY 1929, Pg. 34.

2. Ibid.

3. Diaries of George Washington; Writings of George Washington, Letter to Dr. James Anderson, May 26, 1794, vol. 33, p. 433, (U.S. govt. pub., 1931); Letters to his caretaker, Williams Pearce, 1795 & 1796; Thomas Jefferson, Jefferson's Farm Books, Abel, Ernest, Marijuana: The First 12,000 Years, Plenum Press, NY, 1980; M. Aldrich, et al.

(Para preservar os dados, estou postando as notas de rodapé em inglês mesmo. Talvez a informação se perca na hora de traduzir fontes especificas.)

O capítulo 1 termina aqui e já pode ser baixado através desse link, que se encontra na parte lateral direita do site!

Essa foi a tradução e adaptação das páginas 5 e 6.

Clique aqui para a versão em inglês.

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Capítulo 1 - Parte III


Memorando da história mundial

“A mais antiga fábrica de tecidos era aparentemente de cânhamo, que começou a ser usado no oitavo milênio (8.000 – 7.000 A.C.)” (The Columbia History of the World, 1981, Page 54.)

A literatura (que engloba arqueologia, antropologia, filologia, economia, história) pertencente ao cânhamo concorda que pelo menos:

Por mais de 1.000 antes do tempo de Cristo até 1883 depois de Cristo, o cânhamo da cannabis – a maconha de fato – era a maior colheita mundial e o mais importante negócio, envolvendo milhares de produtos e empresas, produzindo a maioria das fibras no planeta, lâmpadas a óleo, incensos, medicamentos e construções. Além disso, era a fonte primária de comidas, óleos e proteínas essenciais aos humanos e animais.


Sementes de cânhamo. (organicjar.com)

De acordo com praticamente qualquer antropologista e universidade no mundo, a maconha também foi usada na maioria das religiões e rituais como uma das sete drogas mais amplamente utilizadas como interpolador de humor, mente e dor, quando ingerida como um psicotrópico a fim de expandir e manifestar a mente em consagrações.

Definição de droga:

Droga, narcótico, entorpecente ou estupefaciente são termos que denominam substâncias químicas que produzem alterações dos sentidos. Em seu sentido original, é um termo que abrange uma grande quantidade de substâncias, que pode ir desde o carvão à aspirina.

E de psicotrópico:

Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância química que age principalmente no sistema nervoso central, onde altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o humor, o comportamento e a consciência. Essa alteração pode ser proporcionada para fins: recreacionais (alteração proposital da consciência), rituais ou espirituais (uso de enteógenos), científicos (funcionamento da mente) ou médico-farmacológicos (como medicação).

Fonte: Wikipédia.

Quase sem exceção, essas experiências sagradas inspiraram nossas superstições, amuletos, talismãs, religiões, orações e códigos de linguagem (Capítulo 10: “Religiões e magias”).

(Wasson, R., Gordon, Soma, Divine Mushroom of Immortality; Allegro, J.M., Sacred Mushrooms & the Cross, Doubleday, NY, 1969; Pliny; Josephus; Herodotus; Dead Sea Scrolls; Gnostic Gospels; the Bible; Ginsberg Legends Kaballah, c. 1860; Paracelsus; British Museum; Budge; Ency. Britannica,, "Pharmacological Cults;" Schultes & Wasson, Plants of the Gods, Research of R.E. Schultes, Harvard Botanical Dept.; Wm EmBoden, Cal State U., Northridge; et al.)

Essa foi a tradução das páginas 4 e 5.

Clique aqui para a versão em inglês.

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Capítulo 1 - Parte II


Memorando da história dos Estados Unidos

Em 1619, a primeira lei relacionada a maconha foi promulgada na Colônia de Jamestown, em Virginia. As leis “mandavam” os fazendeiros plantarem cânhamo-indiano. Mais leis relacionadas a obrigações de cultivo de maconha foram promulgadas em Massachusetts em 1631, em Connecticut em 1632 e nas colônias de Virginia e Maryland.

Até na Inglaterra, o mais almejado prêmio de cidadania britânica plena era concedido por um decreto da coroa para os estrangeiros que plantassem maconha, e até cobravam multas daqueles que se recusassem.

Nos Estados Unidos, além do cânhamo também ter valor de “moeda” legalmente (dinheiro!) na maioria dos estados americanos de 1631 até meados de 1800, poderiam ser usados inclusive para pagar os impostos. Por quê? Para estimular os agricultores americanos a plantar cada vez mais.

Qualquer americano poderia ser preso por não plantar cânhamo durante os períodos de crise. Por exemplo em Virginia, entre 1763 e 1767. (Herndon, G.M., Hemp in Colonial Virginia, 1936; The Chesapeake Colonies, 1954; L.A. Times, August 12, 1981; et al)

George Washington e Thomas Jefferson, primeiro e terceiro presidentes dos Estados Unidos respectivamente, cultivavam a cannabis em suas plantações. Thomas Jefferson, quando foi enviado a França, com um grande custo financeiro (também um considerável risco para ele mesmo e seus agentes), para adquirir pessoalmente sementes de cânhamo de qualidade superior contrabandeadas ilegalmente da China para a Turquia. Os líderes políticos da China achavam suas sementes tão valiosas que consideravam a exportação um insulto ao governo.

No censo feito pelos Estados Unidos em 1850 contou 8.327 plantações* de cânhamo (com o mínimo de 2.000 acres por fazenda) com fins de desenvolver tecidos, lonas e até para a produção de algodão. A maioria dessas plantações se localizavam no sul ou nas fronteiras dos estados. Primeiramente por causa da mão-de-obra escrava barata à disposição anteriormente à atividade intensa de cânhamo em 1865.

(U.S. Census, 1850; Allen, James Lane, The Reign of Law, A Tale of the Kentucky Hemp Fields, MacMillan Co., NY, 1900; Roffman, Roger, Ph.D. Marijuana as Medicine, Mendrone Books, WA, 1982.)

*Sem contar as dezenas de milhares de pequenas fazendas cultivando maconha e também as centenas de milhares, senão milhões, de trechos em que o cânhamo crescia nos EUA; isso sem levar em consideração que nessa época, 80% do consumo de cânhamo tinham de ser importado da Rússia, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia etc.

E ainda mais, diversos extratos de maconha e haxixe foram os primeiros, segundos e terceiros maiores medicamentos prescritos nos Estados Unidos entre 1842 até meados de 1890. Seu uso medicinal continuou legalmente continuamente na década de 1930 para o ser humano e calculado ainda mais notável na veterinária mundial e americana durante esse período.

Extratos de cannabis medicinal eram produzidos por Eli Lilly, Parke-Davis, Toldens, Brothers Smith (Smith Brothers), Squibb dentre outros americanos, companhias européias e inclusive boticários. Durante todo esse tempo, não há relato de mortes por extratos de cannabis medicinal e praticamente nenhuma desordem mental ou abuso, exceto por alguns novatos utilizando pela primeira vez que ocasionalmente se sentiam desorientados ou bastante introvertidos.

(Mikuriya, Tod, M.D., Marijuana Medical Papers, Medi-Comp Press, CA; Sidney & Stillman, Richard, Therapeutic Potential of Marijuana, Plenum Press, NY, 1976.)


Essa foi a tradução e adaptação das páginas 2, 3 e início da 4.

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terça-feira, 22 de junho de 2010

Capitulo 1 - Parte I

O imperador está nu


Capítulo 1


Uma visão geral da história do cânhamo


A fim de esclarecer esse livro, as explicações ou documentações marcadas com um asterisco (*) estão enumeradas no final de cada parágrafo. Por concisão, outras fontes para os fatos, anedotas, histórias, estudos etc., estão citados no corpo do texto ou nos apêndices. Os fatos aqui citados são em geral confirmáveis na Encyclopaedia Britannica, que foi impressa essencialmente em papel produzido pelo cânhamo por mais de 150 anos. Entretanto, qualquer enciclopédia (não importa sua época) ou um bom dicionário funcionará para qualquer dúvida a ser verificada.


Cannabis sativa L.


Também conhecida como: maconha, verde, plantinha, erva do mal, cânhamo, boldo, boldinho, cânhamo-indiano, ganja, erva, erva do demônio, marijuana, baga, banza, massa, diamba e até veneno. Todos os nomes são para exatamente a mesma planta!

Carolus Linnaeus descreveu em 1753, chamando-a de Cannabis sativa L., aonde o L vem do seu sobrenome, Linneaus. *

*Foto e parágrafo pertencentes a Wikipédia.org.



Geografia Estadunidense

Existem diversas localidades nos Estados Unidos mencionando o “hemp” (cânhamo) no nome: HEMPstead (em Long Island), Condado de HEMPstead (em Arkansas), HEMPstead (no Texas), HEMPhill (Carolina do Norte), HEMPfield (Pennsylvania), entre outros que também foram nomeados com referências às áreas com grandes plantações de cânhamo, ou até por sobrenomes de famílias que mantinham a tradição de plantar.

No Brasil, poucas pessoas sabem o que significa “cânhamo” e, por mais hilário que seja, a palavra “maconha” surgiu da própria palavra original. Os escravos trouxeram a erva da África e inventaram um código para se referirem a ela, tiveram assim a idéia de fazer um anagrama da palavra “cânhamo”. Ou seja, trocando algumas letras de lugar, temos a palavra “maconha”.


Fonte: “Jornal Brasileiro de Psiquiatria” (www.scielo.br) e Dicionário Online de Português (www.dicio.com.br).


Essa foi a tradução e adaptação da página 1.

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