segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Capítulo 2 - Parte XX

A hora da colheita


Em agosto, depois de apenas 3 meses de crescimento, a safra de cânhamo de Timken cresceu até seu tamanho máximo: 4,27 m. E ele estava bem otimista com as expectativas. Ele queria viajar para Califórnia e assistir a safra sendo decorticada, vendo com seus próprios olhos como um benfeitor da humanidade que faria com que as pessoas pudessem trabalhar menos horas e ter mais tempo para “desenvolvimento espiritual”.

Scripps, por outro lado, não estava muito otimista com seu estado de espírito. Ele perdeu a fé em um governo que ele acreditou que estava conduzindo o país para a falência por causa da guerra, e que iria cobrar 40% de seus lucros como imposto de renda. Em uma carta escrita por ele em 14 de agosto para sua irmã, Ellen, ele disse:

“Quando o Mr. McRae estava falando comigo que o aumento do preço do papel, que estava pendendo, eu disse a ele que não era tolo a ponto de me preocupar com esse tipo de coisa.”


O preço do papel estava cotado para subir 50%, custando todo o lucro de Scripps, $1.125.000! Ao invés de desenvolver uma nova tecnologia, ele apelou: duplicou o preço do jornal, de 1 centavo para 2 centavos.

O fim

No dia 28 de agosto, Ed Chase mandou seu relatório para Scripps e McRae. O jovem também estava maravilhado com o progresso:

“Acabo de ver uma invenção que, embora seja simples, é maravilhosa. Acredito que vá revolucionar a produção dos alimentos, do vestuário e provendo todas as outras necessidades da humanidade.”

Chase testemunhou a produção de 7 toneladas de cânhamo em apenas 2 dias. Em sua produção máxima, Schlichten previa um resultado de 5 toneladas por dia. Chase percebeu que o cânhamo poderia facilmente suprir as necessidades do jornal de Scripps. Inclusive sobrariam polpas que poderiam ser usadas em negócios paralelos.

McRae, contudo, entendeu a mensagem de que seu chefe não estava mais interessado na produção de papel feito de cânhamo. Sua reação ao relatório de Chase é bem cautelosa:

“Ainda há muito que saber sobre sua praticidade, transportação e produção... que não podemos afirmar sem as devidas apurações.”


Talvez quando seus ideais se confrontaram com o grande trabalho de desenvolvê-los, o aposentado McRae desistiu. Em setembro, a safra de Timken estava produzindo 5 toneladas de cânhamo (1 tonelada de apenas fibra), e ele estava tentando convencer Scripps a abrir uma fábrica de papel em San Diego. McRae e Chase foram até Cleveland e passaram algumas horas tentando convencer Timken que, mesmo que o cânhamo fosse útil para diversos tipos de papéis, uma produção diária de jornais não seria tão econômica. Talvez por tentarem em uma fábrica que originalmente servia para extração de polpa de madeira para papel de celulose.

A essa altura, Timken já estava bem afetado pela economia de um período de guerra. Ele esperava pagar 54% de taxa sob seu rendimento e estava tentando pegar $2 milhões emprestados com 10% direcionados a reconstrução de máquinas de guerra. O homem que não podia esperar para chegar à Califórnia algumas semanas antes já não tinha mais expectativa de ir até o fim do inverno. Ele disse a McRae:

“Acho que estarei ocupado demais procurando negócios nessa parte do país.”
O decorticador voltou à tona na década de 30, quando foi cotado como a máquina que faria do cânhamo uma safra bilionária em artigos de revistas como “Popular Mechanics” e “Mechanical Engeneering” (até a edição de 1993 deste livro, acreditava-se que o decorticador era uma nova invenção naquela época). Mais uma vez, a crescente indústria do cânhamo foi interrompida, dessa vez por causa do Marijuana Tax Act, de 1937.


Footnotes: 1. World Almanac, 1914, p. 225; 1917. 2. Forty Years in Newspaperdom, Milton McRae, 1924 Brentano's NY 3. Scripps Archives, University of Ohio, Athens, and Ellen Browing Scripps Archives, Denison Library, Claremont College, Claremont, CA.

O capítulo 1 já pode ser baixado através desse link, que se encontra na parte lateral direita do site! Clique aqui para a versão em inglês. Qualquer dúvida, sugestão ou crítica, poste um comentário.