sexta-feira, 23 de julho de 2010

A maconha é um remédio eficaz?

É claro que essa questão transcende o que eu vou abordar agora, não vou dar uma resposta definitiva. Nesse post quero mais uma vez mostrar como são as divergências entre os profissionais da área de saúde.

Navegando pela internet, descobri um blog de uma bióloga doutoranda em genética humana e nele continha o seguinte post:

"Maconha é ineficaz para o tratamento de Alzhei
mer

Estudo científico comprova que a maconha é ineficaz contra o mal de Alzheimer e destrói neurônios"

Achei muito esquisito e resolvi pesquisar.

O estudo na verdade ao invés de usar THC isolado ou a própria maconha
mesmo, usou um canabinóide sintético, o HU-210, que é entre 100 e 800 vezes mais potente que o THC natural e com maior duração.

Aqui vai uma comparação entre as duas moléculas:


THC: C21H30O2


HU-210: C25H38O3

Fonte: Wikipédia

É difícil dar credibilidade a uma pesquisa dessas, não que ela seja inútil, mas parece que ela já é feita com o propósito de piorar a reputação da maconha, o título é completamente tendencioso: "A maconha é ineficaz" e ainda aproveita para falar que "destrói neurônios". No post do blog dela, tinha um link para o estudo em inglês:


http://www.publicaffairs.ubc.ca/2010/02/08/marijuana-ineffective-as-an-alzheimer%E2%80%99s-treatment-ubc-vancouver-coastal-health-research/

É engraçado porque eu encontrei isso:

"The researchers also found that HU210-treated mice had just as much plaque formation and the same density of neurons as the control group."

Os pesquisadores também descobriram que os ratos tratados com HU-210 tinham a mesma formação de placa e a mesma densidade de neurônios se comparados ao grupo de controle.

É assim que começa a desinformação...

“Our study shows that HU210 has no biological or behavioural effect on the established Alzheimer’s disease model,”

Nosso estudo mostra que o HU-210 não tem efeitos biológicos ou com
portamentais no mal de Alzheimer.

Eu não sou da área de saúde e posso me considerar completamente incapaz de fazer algum tipo de julgamento, mas quando se pesquisa, não é melhor usar o NATURAL ao invés do SINTÉTICO?

Ainda mais pra depois gerar essas afirmações. HU-210 é HU-210, não é maconha e nem THC. Por mais que possa ser algum procedimento padrão na ciência, igualar substâncias sintéticas e naturais é um tanto quanto exagerado e prepotente. A pesquisa é sobre um elemento da natureza e seus efeitos e os cientistas o reproduzem e utilizam essa substância "similar" como parâmetro para descobertas.

Não usar o THC numa pesquisa sobre seus próprios efeitos não me faz muito sentido.


Estão em inglês, mas aqui vão algumas pesquisas sobre o mesmo assunto porém utilizando o THC ao invés de qualquer outra molécula sintética:

http://www.futurepundit.com/archives/003641.html -
THC bloqueia a formação das placas do mal de Alzheimer.

http://www.encod.org/info/THC-vs-Alzheimer-s.html -
Ingrediente ativo da maconha se mostra como inibidor de placas que seriam responsáveis pelo mal de Alzheimer.

http://www.webmd.com/alzheimers/news/20061006/marijuana-may-slow-alzheimers - A marijuana pode abrandar o mal de Alzheimer.

http://www.livescience.com/health/061005_alzheimers_marijuana.html - Ingrediente chave da maconha pode combater o mal de Alzheimer.

O mais interessante é que essas pesquisas mostram que o THC parece ser mais eficiente do que os remédios atuais contra o mal de Alzheimer.